terça-feira, 26 de agosto de 2008

A Mulher na Computação


Não se sabe ao certo o porquê do número de mulheres nas áreas das Engenharias, Ciências Exatas e da Terra ser consideravelmente inferior ao de homens. Em especial, o número de mulheres na Computação vem diminuindo se comparado aos anos 90. A falta de nomes femininos nos grandes avanços da ciência gera afirmações de que essas não são áreas para as mulheres ou até mesmo de que isso se deva à inferior capacidade intelectual do sexo feminino. Mas talvez esta seja uma questão histórica. Muitos esquecem que, até não muito tempo atrás, as mulheres sequer tinham o direito de estudar. Que somente no século XX as mulheres, que possuíam como dever cuidar da casa e dos filhos, começaram a se inserir no mercado de trabalho antes dominado totalmente por homens. Mas ainda hoje a discriminação da mulher, não só no mercado de trabalho como em toda a sociedade, é uma realidade, o que pode ser comprovado pelos menores salários pagos a elas.
Como mencionado, a razão para a falta de interesse por parte das mulheres pela computação ainda é uma incógnita. Pesquisas mostraram que as mulheres acreditam que essa é uma profissão solitária, apenas para quem se interessa por máquinas e, por isso, com pouco contato humano. Estudos realizados pelos norte-americanos James Welle e Annie Fish sobre a relação das mulheres com a Computação revelaram que elas têm interesses mais holísticos e são guiadas por uma visão de conjunto. Porém, a Computação é uma área extremamente multidisciplinar já que ela existe para resolver os problemas das demais áreas, sendo essencial o contato humano.
Grandes contribuições para a Computação já foram dadas por mulheres. Muitos conhecem a primeira programadora da história, Ada Lovelace, mas poucos sabem que os três times de programadores da primeira versão do ENIAC (Eletronic Numerical Interpreter and Calculator) eram compostos exclusivamente por mulheres. Também não conhecem mulheres como Rosa Peter, que idealizou a teoria de funções recursivas, e Grace Hopper, que dirigiu o grupo que inventou o primeiro compilador. No Brasil, temos o exemplo de Cláudia Bauzer Medeiros, que foi a primeira presidente mulher da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), permanecendo no posto por dois mandatos, de 2003 a 2007. Cláudia Bauzer recebeu o prêmio Anita Borg Institute for women and technology award, 2006 “como uma das três mulheres que mais se destacaram mundialmente, fora dos Estados Unidos, pela contribuição prestada no desenvolvimento de pesquisa científica e pela atuação política em favor da inserção da mulher na Computação.”
A diferente forma de pensar da mulher e sua maior sensibilidade são também necessárias à Computação como a qualquer outra área. É por isso que existem iniciativas como o ACM-W, um comitê da ACM (Association for Computing Machinery) que promove atividades para uma participação mais igualitária das mulheres na Computação. A CRA (Computing Research Association) também possui um comitê, o CRA-W, dedicado a aumentar a participação das mulheres em todos os níveis de pesquisa e educação em Ciências e Engenharia da Computação. Existe também, desde 1994, a GHC (Grace Hopper Celebration of Womem in Computing), uma conferência promovida pelo Anita Borg Institute for Womem in Tecnology (IWT) que é o maior evento técnico para mulheres em Computação.
Para mudar a baixa participação feminina na Computação, principalmente no Brasil, onde poucos esforços são empregados nesse sentido, é necessário informar às estudantes sobre a realidade do curso de Ciências da Computação e incentivar o seu estudo mostrando os diversos campos em que a Computação pode ser aplicada e mostrando ainda que a mulher tem espaço também nesta área e que pode concorrer de igual para igual com os homens no mercado de trabalho.

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