quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Lição nº1: Você é assertivo?

Mas... O que é assertividade?

"É o que o zagueiro alemão Schultz usou para definir o estilo de Pelé"

Por Max Gehringer

Eu passei por centenas de avaliações de pessoas em empresas, e, à medida que o tempo ia passando, fui notando que as avaliações foram ficando mais sofisticadas, até se transformar em enormes questionários, mais difíceis de ler que bula de remédio, e igualmente cheias de termos estranhos. Um deles é "assertividade", uma tradução desnecessária do inglês assertiveness, porque já tínhamos "asserção". E tanto a palavra deles quanto a nossa significam a mesma coisa: afirmação. O assertivo é o que não enrola, não inventa, não distorce e não diz uma vírgula além do necessário. Daí, encontrar um assertivo hoje em dia é uma raridade. As avaliações de desempenho bem que ajudariam, mas elas há muito deixaram de ser assertivas.

E isso me lembra uma historinha de notável asserção. Mesmo quem nunca viu Pelé jogar sabe que ele marcou 1000 e tantos gols em sua carreira, mais que qualquer outro jogador na história do futebol. E imagina que sua fama se deva à competência que ele tinha para, com seu faro de artilheiro, ganhar jogos e títulos. Não que não seja verdade, mas o talento de Pelé ia muito, mas muito, além disso. Ele era um jogador absolutamente completo, capaz de executar com perfeição qualquer fundamento do futebol, inclusive o de atuar como goleiro (o que ele realmente fez em 1963, num jogo contra o Grêmio de Porto Alegre, no Pacaembu. E seu time, o Santos, venceu).

Em comum, todos eles tinham o fato de já entrar em campo achando que não deviam ter levantado da cama naquele dia. Um desses marcadores foi Schultz, zagueiro da seleção da Alemanha. Numa entrevista, repórteres perguntaram o que Schultz mais temia em Pelé, e ele candidamente respondeu: "O olhar".

Até o alemão dizer aquilo, pouca gente tinha reparado no detalhe: com a bola ou sem ela, Pelé passava o jogo encarando o adversário, olho no olho. No primeiro momento em que o marcador desviasse o olhar, explicava Schultz, ele se destruía psicologicamente, e daí em diante o Negão deitava e rolava. Schultz era germanicamente assertivo. Apesar da insistência dos repórteres para que ele continuasse a falar das qualidades de Pelé, Schultz encerrou o assunto. E a explicação era óbvia: se algum dia Schultz conseguisse intimidar Pelé com o olhar, Pelé é que se transformaria num jogador comum.

Schultz teria problemas para se expressar numa empresa, porque nela ocorre o contrário: os assuntos são esticados até o infinito. Quando um assertivo consegue definir, numa palavra, qual é a situação, todo mundo se põe a divagar sobre suas ramificações, até que o verdadeiro problema acabe escondido numa floresta de opiniões contraditórias. E, lógico, as soluções encontradas nunca derrubam o tronco do problema, apenas aparam alguns de seus galhos. Se alguém perguntar a um schultz corporativo como evitar discussões intermináveis que levam a lugar nenhum, ele faria aquela cara de assertivo e responderia: "Escutar". O que, depois de horas de deliberação, certamente resultaria na criação de um grupo de trabalho para discutir a função do tímpano.

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comentários:

vitao mo intelectual nas parada!!
vc escreveu tudo? nunca!!